Durante um comício em Camaçari, Bahia, em 17 de outubro de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas contundentes ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo Lula, Bolsonaro “inventou ser evangélico” e não acredita em Deus, sugerindo que suas atitudes e comportamentos não condizem com os valores cristãos.
Lula destacou que Jesus Cristo teve um compromisso profundo com os pobres e marginalizados, o que, segundo ele, o torna a figura mais “de esquerda” da história. Essa declaração foi uma tentativa de reafirmar seu próprio posicionamento como defensor das classes mais necessitadas e reaproximar-se do público evangélico, principalmente em um momento político delicado como o segundo turno das eleições municipais em Camaçari.
Críticas a Bolsonaro e o Evangelicalismo
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Lula, em suas declarações, afirmou que Bolsonaro usou o cristianismo e o evangelicalismo como uma estratégia política, sem de fato seguir os princípios da fé. Durante seu governo, Bolsonaro buscou atrair o público evangélico, mas Lula insinuou que o ex-presidente usou essa identidade de maneira oportunista, sem uma real convicção religiosa. A fala de Lula visa principalmente criticar o uso da religião como ferramenta política e marcar a diferença entre sua própria atuação e a de Bolsonaro.
Com essa retórica, Lula busca se alinhar à imagem de Jesus como defensor dos pobres, marginalizados e oprimidos, conceitos muitas vezes associados a movimentos de esquerda. Ao mesmo tempo, ele tenta distanciar Bolsonaro das práticas e valores evangélicos, reforçando a ideia de que a fé cristã deve estar diretamente ligada à justiça social e à solidariedade.
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Campanha em Camaçari e Apoio ao Candidato do PT
O evento também fez parte da campanha para o segundo turno da eleição municipal em Camaçari, onde Lula declarou apoio ao candidato do PT, Luiz Caetano, e à sua vice, a pastora Déa. A escolha de uma pastora evangélica como candidata à vice-prefeitura reflete a tentativa do PT de atrair o voto evangélico, um segmento que tem crescido de forma significativa no Brasil e que foi amplamente cortejado por Bolsonaro durante sua presidência.
Lula destacou seu orgulho de apoiar uma chapa que inclui uma mulher negra e evangélica, enfatizando a representatividade dessa escolha, tanto em termos de gênero e raça quanto de fé. A aliança entre política e religião é vista como uma estratégia do PT para reconquistar o apoio dos evangélicos, um público que se distanciou do partido nos últimos anos.
Investimentos na Bahia
Além das questões políticas e religiosas, o presidente aproveitou o comício para anunciar um investimento significativo no estado da Bahia. O valor de R$ 1,2 bilhão será destinado a projetos educacionais, como a construção de creches e escolas, além da compra de ônibus escolares, através do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Este investimento beneficiará cerca de 39 mil estudantes baianos e visa melhorar a infraestrutura educacional, além de ampliar o programa Pé-de-Meia, voltado para o ensino médio.
Esse anúncio é parte de uma série de medidas do governo para reforçar o apoio popular em estados do Nordeste, onde Lula historicamente mantém uma base forte de eleitores. O foco em educação e assistência social reafirma seu compromisso com políticas públicas que buscam reduzir a desigualdade, um tema central de seus mandatos presidenciais.
Impacto das Declarações e Perspectivas
As declarações de Lula de que “ninguém foi mais de esquerda do que Jesus” são carregadas de simbolismo e provavelmente terão um impacto significativo, tanto no público evangélico quanto no eleitorado em geral. Ao colocar Jesus como um ícone de justiça social e alinhá-lo com a esquerda política, Lula tenta redefinir a narrativa política, resgatando valores cristãos para sua agenda de governo.
Essa estratégia também serve como um contraponto ao discurso de Bolsonaro, que durante sua presidência buscou associar os valores cristãos conservadores com seu governo. Lula, por outro lado, tenta conectar os ensinamentos de Jesus com a promoção da justiça social, da inclusão e do cuidado com os mais pobres, temas frequentemente mencionados em suas políticas.
Essa troca de acusações entre Lula e Bolsonaro revela a centralidade do público evangélico na política brasileira atual. Ao acusar Bolsonaro de não seguir genuinamente a fé cristã, Lula procura desmantelar a base de apoio que o ex-presidente construiu entre os evangélicos, ao mesmo tempo em que reforça sua própria postura como alguém comprometido com os valores de Jesus e com a justiça social.